Foi a revelação deste verão. Chama-se Alba Baptista e conquistou-nos com estrondo na curta de Ivo M. Ferreira, Equinócio e em Leviano, de Justin Amorim. 

Foi também um dos bálsamos de Linhas de Sangue, da dupla Pureza e Graciano. Já se percebeu que é uma atriz capaz de tudo. Ser menina, ser mulher, ser frágil e ser podre de sexy. A seguir vai ser uma das protagonistas de Patrick, de Gonçalo Waddington e é uma das musas de Caminhos Magnéticos, o próximo de Edgar Pêra. Não vai parar…

 

fotografia: @levianofilm

Sente que nesta altura de arranque, mesmo entre tantos e tão diversos trabalhos, está numa fase de experimentação?

Sim! Principalmente porque sinto que cada projeto carrega consigo um processo diferente. Dá-me de facto oportunidade de encontrar certos aspetos que nem sabia que tinha.

Trata-se então de um processo de descoberta pessoal?

Sabes Rui, ganho muito para mim em cada projeto…

Ficas mais madura?

Sim. No primeiro filme, o Miami, do Simão Cayatte, tinha 16 anos…Foi um verdadeiro despertar e abrir de portas emocionais.

Surpreende-se consigo própria?

Sim, mas foi no Miami que percebi que poderia crescer com o cinema e que era uma caixinha de emoções. Logo aí percebi também que tinha uma diferença de maturidade em relação aos adolescentes da minha idade. Foi o filme que me deu abertura para explorar mais as minhas emoções. Isso é algo maravilhoso!

Muitos pensam que um ator quando aparece em muitos filmes e ganha notoriedade está a curtir e que começa a viver uma grande vida…Esquecem-se que tudo isso acarreta uma grande responsabilidade, um pouco como uma atleta de alta competição, não é?

Sim, mas também é importante para os jovens atores terem um certo equilíbrio – não podem deixar de continuar a viver a sua juventude. Acho que é importante e saudável não ficar focada apenas no trabalho. Porém, tenho um pensamento muito alemão nisto. Sempre que entro num trabalho concentro-me a 100% e acabo por ficar desligada da minha vida pessoal. Enfim, tem a ver com a minha personalidade – sou mais introspectiva. Gosto de me manter na minha bolha. Seja como for, acaba por ser saudável para um jovem já ter bases. Tive também muita sorte ter tido esse ensinamento na escola.

Estudou no Colégio Alemão...

Sim! Há pouco falavas em explorar e é aí que posso falhar para poder crescer mais. Falhar porque a escola alemã fez-me ganhar o estigma de não poder falhar.

Estes filmes todos que tens feito conseguiram fazer com que testasses os teus limites?

Gosto de pensar que consigo ultrapassar o que agora considero limites. Fui aprendendo com os filmes. Por exemplo, com Leviano aprendi a lidar com os limites do ridículo visto que a minha personagem é uma sátira a essas miúdas que são as pequenas misses… Elas são uma realidade mas, por outro lado, era muito fácil cair no ridículo.  Por outro lado, o Linhas de Sangue, que era aquela parvoíce total, também testou os meus limites de até onde posso ir na comédia.


Fazes frequentemente aquela transição entre novelas e cinema. Apetece-me perguntar quando sais de um plateau de um filme e passas para um plateau de uma novela se sentes que regrides…

…Não. Sinto que em televisão também existe uma grande aprendizagem que pode até ser menosprezada. A meu ver, a televisão é igualmente importante, sobretudo porque o ritmo alucinante e a pressão de teres de conseguir gravar um grande número de cenas bem feitas é tudo menos fácil. Eu diria que é mesmo difícil, mesmo não tendo nada a ver com cinema. Sinceramente, queria ainda aprender mais em televisão, apesar de agora querer estar mais focada em cinema.

És mais uma daquelas atrizes que quando se vê no grande ecrã se sente incomodada com a sua imagem?

Ui! Tenho graves problemas em ver-me! Faz-me confusão. Não sei se é o nosso narcisismo ou insegurança a falar, talvez seja mais esse último caminho…Não consigo muito bem distanciar-me.

Mas no Leviano não tiveste um certo gozo em ver-te naquele registo? Não foi uma forma de não te levares tanto a sério?

Sim…Aprendi isso muito recentemente. Eu sempre fui muito séria e auto-crítica. Ali no filme do Justin foi muito bom pois acabo por não me reconhecer.