Para além de Beast, a semana é marcada pelo disruptivo filme de Gabriel Abrantes e Daniel Schmidt, Diamantino, sátira a um Portugal ridículo através de um olhar ao maior jogador de futebol de sempre, um tal de Diamantino, espécie de sósia de Cristiano Ronaldo. O filme é uma questionamento divertido a questões de género, identidade e tacanhez lusitana. Venceu em Cannes a Semana da Crítica e teve apoio sério da crítica internacional. Por cá, vai ser visto apenas como uma certa diabrura de “juventude”, o que é pena. Abrantes consegue de forma segura incorporar os sintomas da “performance” artística num filme que é para ser acarinhado por um público também “mainstream”.

Depois, chega ainda Shazam, de David F. Sandberg, a história de um super-herói no corpo de um miúdo de 14 anos. Como conceito tem alguma piada, mas a história é débil e a fórmula não é mais do que um feroz “ripanço” a Big com madeixas do último Homem-Aranha.

Mais importante não deixar passar Ayka, de Serguey Dvortsevoy, relato de uma mulher sozinha e grávida numa Moscovo da miséria extrema. Um exercício de realismo “old school” com um trabalho de câmara asfixiante. A semana é ainda marcada pelo regresso de O Carteiro de Pablo Neruda, filme terno e “benigno” que Michael Radford dirigiu para Maximo Troisi e Tito e os Pássaros, animação de Gabriel Bitar que foi elogiada na última Monstra.

A desilusão chama-se Samitério de Animais, de Dennis Widmeyer e Kevin Kolch, mais uma tentativa de adaptar o livro homónimo de Stephen King. O filme é mole, com sustos programados e sempre em piloto automático.

Em abundância de animações, estreia ainda Cai na Real, Corgi, de Ben Stassen, presente também na Monstra e Piercing, filme “indie” de Nicolas Pesce, que nos EUA foi bem ignorado…