Exagero consentido toda esta aclamação em torno do novo filme “da DC”. Pois, mas a verdade é que mesmo não sendo um filme de génio, Joker arrisca-se a ser a melhor adaptação dos últimos anos em torno de um “comic book” ou baseada em personagens desse universo (na minha lista pessoal continua lá bem no alto os Batman de Burton e Watchmen, de Zack Snyder). Aliás, verdade, verdadinha, nem é um filme de super-heróis, nem um blockbuster. Trata-se de um drama interior sobre um rapaz que é posto de parte por uma sociedade em tons trumpianos e torna-se num sociopata.
Simpatizamos com o filme através do jogo burlesco da câmara de Todd Phillips (que em A Ressaca já provava que era cineasta) e pela liberdade física de Joaquin Phoenix, a dar a falha humana a este palhaço que imagina revolução.
Tratado de partilhas de géneros, onde cabe o filme à Scorsese, Joker é das coisas mais violentas e negras saídas da Hollywood “mainstream”. A sua sombra negra e desesperada chega (ou tenta) ao ponto de chegada de Laranja Mecânica. Mas mesmo não sendo nenhum Kubrick, Phillips leva-nos para uma tribuna do entretenimento muito desassossegada…