Já foram várias as vezes que estive com este cavalheiro inglês. Numa delas, em Londres, logo a seguir à conversa em torno de O Cavaleiro das Trevas, teve um episódio polémico que envolveu a mãe. Foi durante a sua fase mais “intensa”, digamos assim. Eu próprio, nas diversas entrevistas, encontrei-o em diferentes “moods”. Se é verdade que é talvez o ator mais transformista do cinema internacional, também é verdade que muda de entrevista para entrevista para entrevista.
Em Cannes, no longínquo ano de Velvet Goldmine, lembro-me de me parecer um rapaz afável, mas quando fui a Paris para o enfrentar por alturas do seu infeliz Terminator, senti nele uma fúria invisível capaz de ficar com a ideia de que era perigoso. Pois, mas gosto de atores perigosos. Já quando entrevistei Colin Farrell ou Heath Ledger senti o mesmo.
O meu melhor momento com Bale foi quando o apanhei falador e a tentar ser divertido numa roundtable para promover Cavaleiro de Copas, onde falou o que podia e o que não podia sobre Terrence Malick.
Devo confessar que reencontrar este homem é sempre especial. Conheci-o na plateia quando ele era criança nesse tão saudoso Império do Sol, de Steven Spielberg, e é como se o tivesse visto a crescer de perto. Problemático? Conflituoso? Temos pena, nada disso. Apenas uma lenda-viva com sorriso caloroso, aperto de mão vigoroso e uma dicção com alguma sopinha de massa…Um homem bem com o seu carisma e com a sua ordem de soltura. Sim, não está aprisionado a nenhum tipo de pose ou comportamento de estrela de cinema.