Para além da comédia Uns Pais do Pior, a semana é marcada pela agradável surpresa que é a segunda longa de Patrícia Sequeira, Snu, a história de amor entre Snu Abecassis e Francisco Sá Carneiro. Com um dispositivo ousado de misturar imagens de arquivo com a ficção, Snu é um belo exemplo de um cinema português de tema abrangente sem ser parolo ou comercialão. E há uma Inês Castel-Branco que percebeu a essência de uma mulher à frente do seu tempo.

Ténis e cinema. É essa a receita do documentarista Julien Faraut e o seu magnífico John McEnroe- No Domínio da Perfeição, uma obra experimental a partir de imagens em película da arte do tenista do título. Afinal, como se prova aqui, uma partida de ténis pode ser um duelo de western.

As Herdeiras, de Marcelo Martinessi, é uma bela história de amor e atração sexual entre duas mulheres de idades diferentes. Martinessi tem um realismo diferente daquele que vigora agora no circuito do cinema de autor mais afetado, há precisamente um humanismo que é tocante. Merecia ser filme de culto.

Desilusão da semana é Captain Marvel (Capitão Marvel), mergulho nos anos 1990 americanos. Um Revenge of The Nineties da Marvel para nos apresentar uma nova super-heroína, aparentemente uma extraterrestre loura. Confuso e com cenas de ação para entreter crianças, a obra de Anna Boden e Ryan Fleck parece ser apenas um petardo de marketing para promoção do novo Avengers. As coisas não estão bem no universo Marvel…Mas pior é ainda a comédia As Boas Intenções, de Gilles Legrand, tentativa de gozar com o espírito solidário de uma certa França. Agnès Jaoui chega a irritar num filme sem carisma e com excesso de “tema”.

Ali Abassi consagrou-se em Cannes com Fronteira, um filme com “pinta” de sessão da meia-noite lançado pela Bold nos moldes habituais: poucas sessões e para a semana já disponível em Home Cinema.