FEVIP reage aos testes para entrar nos cinemas
Numa altura em que Matrix Ressurections chega às salas e o novo Homem-Aranha vai a caminho de uns espantosos trezentos mil espetadores, as novas medidas do Governo que obrigam as salas a pedir teste negativo ao Covid a quem compra bilhete, obrigaram a FEVIP a uma posição de guerra. Eis o comunicado irado…
FEVIP CRITICA MEDIDAS DO GOVERNO E GARANTE QUE DISTRIBUIDORAS VÃO PERDER INVESTIMENTOS DE CENTENAS DE MILHARES DE EUROS
Imposição de testes negativos à Covid-19 à entrada das salas de cinema e de espetáculo aumenta risco de paralisação e prejudica ainda mais os negócios por na prática equivalerem a um encerramento encapotado
Lisboa, 23 de dezembro de 2021 – Governo decretou que entre 26 de dezembro e 9 de janeiro se torna obrigatória a apresentação de um teste negativo à Covid-19 à entrada das salas de espetáculo e, em específico, das salas de cinema. Esta medida vem aumentar o risco de paralisação do setor que só em 2020 sofreu uma quebra de bilheteira de 75% face ao ano anterior.
António Paulo Santos, diretor-geral da FEVIP – Associação Portuguesa de Defesa de Obras Audiovisuais, alerta que “o setor está a ser confrontado com uma medida altamente prejudicial, que pode pôr em causa a distribuição de cinema, nomeadamente para as distribuidoras que investiram fortemente no lançamento dos seus filmes para esta época natalícia.”
Até agora tinha sido possível aos espetadores fazerem a entrada na sala de cinema apresentando apenas certificado digital, comprovativo de vacinação completa ou comprovativo de realização de teste laboratorial (PCR 72h | Antigénio 48 h), para quem ainda não se encontrava vacinado.
A partir de dia 26 vai ser obrigatório, para todos os espetadores, a realização destes testes, sem que sejam aplicadas medidas adicionais, como a diminuição da respetiva lotação. Mantém-se apenas vigente o uso de máscara obrigatório durante a permanência no espaço. Até agora e desde a sua reabertura, as salas têm cumprido as normas da Direção Geral de Saúde por forma a garantir a segurança do público e à data não existem dados que verifiquem um único caso de infeção com origem nestas salas.
Não só esta medida representa um obstáculo adicional à frequência das salas de cinema, como acresce ainda aquela que tem sido a insuficiente oferta de testes por parte das farmácias e outros locais de testagem, para além da curta validade para apresentação dos mesmos (48h ou 72h).
António Paulo Santos questiona ainda sobre como é que se assegura que os espetadores vão ter acesso aos testes e considera que “esta é uma medida altamente irrealista, uma vez que se tivermos 500 mil espetadores nas salas, conforme se verificou na última semana, e dada a afluência record aos testes nas farmácias por causa do Natal, torna-se incomportável a procura, o que necessariamente se traduz em quebras de público nas salas.”
E, ainda, enquanto a obrigatoriedade de apresentação de testes nas salas de cinema se estende entre 26 a 9 de janeiro, já no caso dos restaurantes, casinos e festas de passagem de ano, a apresentação de teste negativo à Covid-19 será obrigatório apenas a 24, 25, 30, 31 de dezembro e 1 de janeiro.
“Mais uma vez, fica demonstrado que políticas reativas e descontextualizadas da realidade empresarial, para além de revelarem pouco conhecimento deste setor, demonstram o total desprezo e desrespeito por quem contribui para o crescimento económico e cultural do nosso país”, conclui António Paulo Santos.