Joaquin Phoenix, nomeado para melhor ator em Joker

 

Já foram algumas vezes que estive com Joaquin Phoenix, ator de uma franqueza altiva. No meu último encontro, a propósito da estreia de Maria Madalena (onde o ator fazia de Jesus Cristo num dos últimos filmes com o dedo de Harvey Weinstein), encontrei-o meio alheado, em parte talvez ao facto desse filme não ter ainda descoberto forma de estrear nos EUA. Foi em 2018 e Phoenix ainda nem tinha começado a rodagem de Joker. Entre muitas “boutades”, lembro-me da forma como gostava de falar mal de si próprio. Phoenix é mesmo assim…

 

Antonio Banderas, nomeado para melhor ator em Dor e Glória

 

O grande Antonio Banderas deu-me uma entrevista-flash em Cannes um dia depois da ovação em Cannes de Dor e Glória. Era um Banderas que antes de se sentar beijava carinhosamente a nova mulher e me confessava que se esta aclamação tivesse surgido há umas décadas não lhe teria feito bem. Disse-me ainda que o ataque de coração que sofreu foi a melhor coisa que lhe aconteceu.

Fazendo um flashback,  recordo-me do momento em que o entrevistei em Roma na estreia de Evita e aí encontrei também um Banderas com os pés na terra, homem de sorriso largo e de olhar luminoso. É muito bom falar com este artista.

 

Adam Driver, nomeado para melhor ator em Marriage Story

 

O melhor ator da sua geração no cinema americano falou comigo em Cannes em 2018. Primeiro numa roundtable de BlakKklsman, de Spike Lee, onde se fartou de fintar as perguntas sobre Star Wars, e, depois, numa simpática conversa para promover o péssimo The Man Who Killed D. Quixote, de Terry Gilliam, onde me contou mil maravilhas sobre Joana Ribeiro.

O que impressiona neste ator de rosto multifacetado é precisamente a sua voz, tão funda como grave.

Outra das memórias que tenho dele foi em Londres durante uma ação de promoção do primeiro Star Wars da era J.J. Abrams. Antes de entrar na sala de conferências do hotel do “junket”, esbarro com ele num carro da Disney, sozinho a olhar para o vazio. O filme ainda não tinha estreado, a sua vida ainda não tinha mudado. Imagino o que ele estava a pensar…

 

Jonanthan Pryce, nomeado para melhor ator em Dois Papas

 

Pessoa humana dada e humilde. Quando o entrevistei em Cannes em maio de 2018 também por O Homem que Matou D. Quixote, a primeira coisa que me contou foi que adorou a organização portuguesa da Eurovisão e, passe o cliché, que  “ama” Portugal. É também um entrevistado sereno e frontal, um grande conversador que marcou a minha geração, nomeadamente com o seu papel em Brazil- O Outro Lado do Sonho.

Acima de tudo, um cavalheiro…

Leonardo DiCaprio, nomeado para melhor ator em Era uma Vez em… Hollywood

 

Aperto de mão firme seguido de sorriso não fingido. Comigo tem sido sempre assim cada vez que o entrevisto. A última vez foi em O Grande Gatsby, em Cap D’Antibes, França. Apanhei um Leo sem peneiras, mas também sem papas na língua. O que gosto neste ator é a sua capacidade de síntese e um humor muito particular.

Todos sabemos que sente melhor numa festa com raparigas bonitas do que sentado em frente a críticos portugueses. Sei disso porque também já estive numa mítica festa em Berlim onde o vi dançar como se não houvesse amanhã. Foi logo a seguir a uma conversa comigo onde brincou em demasia e a Fox pediu para espreitar a entrevista. O jornalista da Antena 3, José Paulo Alcobia é minha testemunha e aconteceu tudo na euforia de A Praia.

Saiorse Ronan, nomeada melhor atriz em Mulherzinhas

 

Foi precisamente no ano passado a última vez que estive à frente desta irlandesa de sotaque cerrado. Estava linda mas menos graciosa do que das últimas vezes. Não espanta: estava a promover um “turkey” lamentável chamado Maria, Rainha dos Escoceses. Antes, na estreia de The Grand Budapest Hotel, de Wes Anderson, estava outra, bem mais “feisty”, bem mais aberta.

Ao vivo tem algo que expressava bem em Lady Bird: uma alegria de viver invejável. A brincar, a brincar está com 4 nomeações para melhor atriz nos Óscares!

Charlize Theron, nomeada melhor atriz em Bombshell- O Escândalo

 

O melhor de Charlize Theron numa entrevista? Não intimida o jornalista. Mas a lista de virtudes não acaba. Quando a entrevistei no último Branca de Neve falava sem papas na língua e não tinha vergonha da vergonha de filme que promovia. Antes, na estreia do novo Mad Max, já sem o cabelo curto, brincava com essa carecada que teve de apresentar para o filme. Sim, a sul-africana tem sempre uma leveza que é também firmeza.

É das grandes damas de Hollywood e está na boa com isso. Sabe sempre muito bem estar na sua companhia…

 

Renée Zelwegger, nomeada melhor atriz em Judy

 

Não me esquecerei. Foi numa tarde de gelo num hotel chique de Berlim. Renée estava em alta e brilhava a grande altura com Chicago. Começou por me “seduzir” ao repetir o meu nome enquanto estendia a mão. Na altura, falava-se que tinha tido affaire com Jack White dos White Stripes e, de facto, sentia-se nela alguma aura rock n’roll.

Lembro-me como se não houvesse amanhã da sua gargalhada deliciosa. Dois anos depois, a simpatia não abrandava em Madrid durante as entrevistas para O Novo Diário de Bridget Jones. Fiquei fã.

Margot Robbie, nomeada melhor atriz secundária em Bombshell- O Escândalo

 

Foi num quarto de hotel acanhado no centro de Londres que apanhei Margot Robbie, a australiana que estava a promover Maria,  Rainha dos Escoceses. Uma atriz que olha olhos nos olhos, fala pausadamente e sorri pouco (entrevistei-a para imprensa escrita, dizem-me que na televisão sorri mais…). O problema maior são as respostas mais telegráficas. Fiquei de perguntar se ainda se lembra dos Dead Combo na banda-sonora do filme que fez dela uma estreia, Focus, ou se alguma vez teve problemas devido à sua beleza sónica.

Mais tarde, voltei a estar com ela em Cannes aquando da conferência de imprensa de Era uma Vez em …Hollywood e lembro-me como foi delicada quando viu Tarantino exaltar-se com uma jornalista. Foi mesmo à minha frente e isso é coisa que não se esquece….

 

Tom Hanks, nomeado melhor ator secundário em O Amigo Extraordinário

 

Foram muitas as vezes que estive com Tom Hanks em contexto de entrevistas. Muito diretamente é bom desde já ir direto ao assunto: a fama que o persegue é verdadeira, ele é mesmo um tipo porreiro.

Em Roma, quando me contava alguns segredos sobre o segundo Da Vinci Code, fez-me sentir que era um dos seus amigos. Essa é uma das suas qualidades, tal como representar ou fazer imitações durante as entrevistas. Ator mais verdadeiro em entrevistas não há. Por tudo isto, este lorde de Hollywood bem que poderia ensinar muitos colegas seus a lidar com a imprensa…

 

Anthony Hopkins, nomeado melhor ator secundário em Dois Papas

Dos atores que mais vezes entrevistei, mas nem por isso dos mais acessíveis. Em Sobreviver a Picasso apanhei-o rabugento e a querer despachar uma entrevista para televisão, ao passo que para Hannibal apanhei-o diabolicamente divertido, mas foi em Locarno que o vi a abrir a alma e a jurar que prefere a música ao cinema,  no encontro para promoção de  Slipstream- A Vida como Num Filme, realizado por si.

Ainda assim, o meu melhor momento com ele foi quando o entrevistei em Roma, durante a promoção de O Ritual. E aí apanhei-o feliz da vida e generoso.

Hopkins tem um magnetismo ao vivo que não se explica!

 

Al Pacino, nomeado melhor ator secundário em O Irlandês

 

Foi em 2014 em pleno Hyatt de Toronto. Estava para conseguir um valioso “one-on-one” com o homem a propósito de O Senhor Manglehorn, um dos seus grandes desempenhos na década passada, mas, à última da hora, surgiram compromissos com o Festival de Toronto e lá se foi a entrevista. Tempo apenas para lhe explicar que já não poderia falar com ele. Resultado: levei um  “sorry” sentido. Isso e uma fotografia tirada pelo próprio. O suficiente para constatar que a lenda tem uma linguagem corporal algo gingona e uma voz com “trade mark”.

Às vezes, penso que há segundos de ouro…Al Pacino a apertar-me a mão provou que tem algo raro: “star quality”.