Diários do Festival 2
Num dia em que chove, faz frio, sol e calor, Donostia continua a ser a capital do cinema. Há cartazes de cinema por todo o lado e nos bares das ruas do casco viejo vemos gente com a acreditaÇao ao peito. Cada vez que alguém entra nas salas de cinema ou no centro nevrálgico do festival há sempre um voluntário a querer espirrar-nos gel para as maos. É como se fosse uma comédia tràgica.
Mas em conversas com jornalistas estrangeiros – estao acreditados mais de uma centena – sinto muito pessimismo. Há quem nao tenha pachorra para usar sempre a máscara e há quem acredite que a falta de talentos para entrevistar vai tirar o glamour a este circuito. Um pessimismo que é bem credível quando percebemos que todos estes filmes talvez demorem a chegar agora âs salas…
Acontecimento do dia foi a passagem da série da HBO, Pátria, de Aitor Gabilondo, uma adaptaÇao sóbria e bem elegante do livro de Aramburu sobre duas famílias bascas marcadas pelo terrorismo da ETA. Uma série para nos pôr em pele de galinha. Esta manha, o showrunner contava-me que espera que estes episódios promovam uma discussao sà e sem extremismos. Foi bom o festival ter estreado um produto televisivo que demonstra como a Espanha é cada vez mais capaz de evocar o seu passado histórico na ficçao.
Esta noite, todas as atenÇoes vao dar a Maiwen, a realizadora francesa chega com ADN, outro dos filmes aqui presentes com o adn de Cannes. Náo é por acaso que o seu diretor, Thierry Frémeaux, também cá está para dizer em alto e bom que o cinema náo morreu.