A Academia escolheu A Metarmorfose dos Pássaros
Um filme poético sem atores foi a escolha de Portugal para os próximos Óscares. Tem hipóteses de ficar na shortlist? Tenho pena, adoro o filme, mas ainda não será desta. Mesmo assim, devido ao seu tracking de prémios e presenças em festivais internacionais, era o que tinha de ser escolhido. A única e ínfima esperança deste objeto de Catarina Vasconcelos é jogar com os afectos dos membros da Academia, que nesta coisa de cinema fora de Hollywood ainda gostam de coisas mais certinhas, embora seja impossível não aderir emocionalmente a esta confissão do real do luto da realizadora.
Dê por onde der, este processo de escolha do filme ao Óscar de Filme Internacional teve opções estranhas, a começar por uma comissão em que dispensava a presença de alguém ligado ao jornalismo das artes ou da crítica. Às vezes, faz falta. Aliás, A Metamorfose dos Pássaros, funcionou nos chamados cinemas de art-house devido a um certo consenso da crítica.
Outro dos problemas, o desplante de se recusar a entrada na pré-seleção de Diários de Otsoga, filme belíssimo de Maureen Gomes e Miguel Gomes, que poderia fazer valer o embalo de prestígio da presença em Cannes, boa imprensa internacional e o peso de Gomes como autor que já também é figura no cinema do mundo.
Mas temos A Metamorfose dos Pássaros e não nos podemos queixar- sem ver ainda todos os pré-candidatos, parece-me a escolha óbvia.. Para o ano, vamos ver se títulos como estes podem estar na corrida: Amadeo, de Vincente ALves do Ó, Um Filme em Forma de Assim, de João Botelho ou Dulcineia, de Artur Serra Araújo.