Isto dos Festivais Online vai resultar? Pode trazer sequelas para o futuro? Foi esta a pergunta que o cinetendinha.pt fez a três jornalistas da área do cinema. Os prós e os contras de uma questão que está a ser debatida nacional e internacionalmente. A questão, como se pode ver, está longe de trazer consensos.

Jorge Leitão Ramos – Expresso

Jorge Leitão Ramos

Os festivais on-line são um remendo imediato, mas depressa desaparecerão. Os festivais são, por definição, lugares festivos onde o público se diverte, os profissionais fazem contactos, eventualmente negócios e os filmes são promovidos. Não vejo nenhuma razão para que produtores, autores, jornalistas e cinéfilos frequentem a hipótese absurda de festivais on-line.

Marco Consoli – Itália, jornalista de cinema freelancer

Marco Consoli

In order to survive the pandemic it’s perfectly understandable some Festivals want to go online. This opens two different challenges: for the general audience I think festival have to find the right business model to attract the festivalgoers offering some new releases for a cheap price in order to compete with streaming services like Netflix or Amazon Prime Video; for the journalists they have to involve publicists and talents in order to keep the communication machine going on, so that journalists and critics can still write reviews and interviews, promoting films, directors and actors, previewing what eventually will be distributed online or, as we all hope, back again in movie theatres.

Inês Lourenço – Diário de Notícias/Antena 2, Metropolis

 

Inês Lourenço

O formato online anula o verdadeiro espírito e propósito dos Festivais, que são feitos para se criar um contexto de programação e diálogo à volta dos filmes. Esse diálogo depende de uma circunstância física, de uma experiência de contacto directo que fortalece o enquadramento da memória que vamos ter desses filmes. Por isso, esta inovação tem algo de traiçoeiro. No espaço virtual tudo é despido de dinâmica e resume-se à tentação de um estranho “conforto”. Se vai resultar? Para quem frequenta festivais, acho que não vai aderir facilmente a esta drástica transformação da experiência colectiva. Já o futuro não consigo prever.