Será que Rodrigo Areias está a ter um prazer dos diabos a ficar velho precoce? Quem vir este seu novo filme, pronto a estrear em Abril, vai pensar que sim. Mas se o cineasta de Estrada de Palha está a apostar num cinema “cota”, devemos avisar que o processo é encetado com um requinte delicioso. Nesta comédia pícara sobre um viúvo vimaranense consumido pelo desaparecimento da mulher, há um humor decantado. Filme de e com velhos deliciosos que é também uma crónica do tempo a passar. Nesse sentido, dir-se-ia que é uma obra que propõe novos trâmites de ritmo narrativo onde se aprecia um trabalho de secura no vagar…
Importa referir que Areias se dá bem com o imaginário de valter hugo mãe, autor do argumento. Mais importante, dá-se ainda melhor com a música instigante de Tó Trips. Não deixa de ser cinema rock n’roll mesmo quando espalha sementes de profunda amargura.
É filme que precisa de carinho. Vamos dá-lo. Está aqui um dos casos de culto para 2020, feliz o festival nacional que ficar com ele!