Um festival de cinema com estreias mundiais, foco no cinema espanhol e um sentido de festa para os espetadores. O SSIFF continua a ser o maior evento de cinema espanhol e um dos maiores da Europa. Em seis dias de festival estes foram os três tesouros.
Patrick, de Gonçalo Waddington
Melhor filme da competição. História de uma criança raptada e encontrada anos depois numa rede de tráfico sexual. O filme que deixou os espetadores sem ar é, afinal, um conto de fadas negro sobre a inocência do mal. Ao som de Bruno Pernadas e com a luz de Vasco Viana, a câmara de Waddington demonstra uma imponência estrondosa perante aquilo que é mais íntimo no corpo e no trauma de um rapaz.
Proxima, de Alice Winecour
Eva Green faz de mãe astronauta em vésperas de uma missão espacial em conjunto com russos e americanos. O problema é como lidar com a ausência do filho. Alice Winecour propõe um debate sobre a força inexplicável do vínculo maternal, mas também expõe as contradições de um mundo profissional que não respeita os direitos femininos. A vitória deste Gravidade terrestre é nunca querer ser panfletário no seu feminismo. E a música de Sakamoto transporta-o para uma órbitra ainda mais forte…
O Que Arde, de Oliver Laxe
Na secção Pérolas, um dos destaque foi este filme galego do realizador de Mimosas. A história de Amador, um homem de uma aldeia galega que sai da prisão depois de ter sido acusado de piromania. Aos poucos, volta à vida do campo e ajuda a sua idosa mãe a tomar conta da quinta.
O Que Arde é também sobre o lugar sagrado da mãe. Obra de laços invisíveis e de uma boa fé para com as personagens, só peca por uma resolução demasiado ancorada nos códigos do drama “art house” naturalista. Mas a câmara à espera da vida acontecer é profundamente válida…