Numa semana em que a maior estreia a nível de cópia é Réplicas, de Jeffrey Nachmanoff, conto de ficção-científica sobre “doppelgangers” com Keanu Reeves na pele de um cientista apostado em replicar a sua família, destaque para O Poder da Palavra, de Yvan Attal, exemplo feliz de um cinema comercial francês que evita o recurso à estupidificação. A brincar, fala-se com nuances interessantes do estado da educação desta nova França e há também um glorioso Daniel Auteuil.
Quanto a Rosie- Uma Família Sem Teto, de Paddy Breadnach, retoma uma tradição de um certo realismo irlandês. A história de uma família atacada pela especulação imobiliária na Irlanda dos nossos dias. Um pesadelo urbano sufocante filmado com uma camada de afetos que convence.
Imprescindível é passar a alma e os olhos por Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos, de Renée Nader Messora e João Salaviza, a história de um jovem índio “krahô” relutante em aceitar um lugar místico na hierarquia da sua aldeia. O casal luso-brasileiro imprime um imaginário poético no núcleo daquilo que é antropológico. O resultado é de uma beleza sideral.
My Name is Now- Elza Soares, de Elizabete Martins Campos, é um documentário bem experimental sobre a vida e arte de Elza Soares, uma das mais respeitadas divas da música brasileira. É um filme só para fãs e não pede desculpa por isso. Vê-se como uma experiência sensorial.
Mas nem tudo são rosas nesta semana: Ladrões de Tuta e Meia, de Hugo Diogo deseja ser uma comédia popular mas é apenas uma afronta para quem paga bilhete. Mal acabado, escrito sem sentido de humor e com desplante pimba, é mais um produto audiovisual para enganar o grande público. Entre este, Tiro e Queda e Portugal não Está à Venda, venha o diabo e escolha.
O público infantil pode escolher entre Dagron Ball- Super Broly, de Tatsuya Naganime e Marnie e os Amigos, de Wolfgang e Christoph Lauenstein. O primeiro é para fãs autênticos do conceito Dragon Ball e o segundo é um esforço de uma certa escala europeia de animação em seguir o rasto de Hollywood.