Santo António deu benção a António Um Dois Três, a longa de estreia do brasileiro Leonardo Mouramateus, versão de livre de Noites Brancas, de Dostoievsky. Um conto a três tempos numa Lisboa dos bastidores da cena artística onde um jovem romântico tenta um encontro com a sua verdade e o seu dom como ator. Um filme livre que tem uma fluência de processos que parece simples mas que é nova.

Mas a estreia mais relevante é Os Olhos de Orson Welles, de Mark Cousins. O cineasta irlandês filma uma longa carta póstuma a Orson Welles, aqui explorado sob o ponto de vista do homem dos desenhos. Mas este documentário parece tomado pelo espírito de Welles.  Podemos sempre contar com a afetiva cinefilia de Cousins.

A deceção da semana é High Life, de Claire Denis, o seu filme “sci-fi”, com Binoche e Robert Pattinson. Um estudo sobre o desejo humano armado ao pingarelho e, sobretudo, muito aborrecido. Todavia, a semana tem uma pequena surpresa: Edmond, de Alexis Michalic, a história de como Cyrano de Bergerac foi criado. Um exemplo feliz de um cinema de prestígio francês que não faz concessões à banalidade. Um filme com um ritmo endiabrado e que acredita no poder da grande palavra…

Tudo é Possível, de Zara Hayes, é mais uma estreia atirada para o anonimato, mesmo quando o elenco inclui Jackie Weaver, Pam Grier e Diane Keaton.

Em breve, darei conta de Piranhas- Os Meninos da Camorra, de Claudio Giovannesi, vindo da última Berlinale e do último MIB- Homens de Negro: Força Internacional, de F. Gary Gray.

Retomando a semana passada, palavra para X-Men: Fénix Negra, de Simon Kinberg, prova dos nove que a série X-Men está gasta. Obra que abdica de uma carga trágica para reencenar apenas situações para cenas de ação com efeitos visuais banais. Tudo é mesmo banal aqui. Entretanto, também visto Foxtrot, de Samuel Maoz, uma fábula sobre o luto na Isreal que mata os seus filhos na guerra. Filme de luto imersivo com um cineasta a inventar novos elementos de choque.