Comecemos por uma estreia ainda da semana passada, o muito fraco MIB- Homens de Negro: Internacional, de F. Gary Gray, nova reencarnação da franchise bem sucedida com Will Smith e Tommy Lee Jones. Agora há Tessa Williams e o Thor Chris Helmsworth mas não há piada nenhuma, apenas alguma tolice e uma história bem acriançada.
Quanto aos novos lançamentos, mesmo sendo o pior de Jim Jarmuch, todos os caminhos vão dar a Os Mortos não Morrem, comédia de mortos-vivos com um elenco de primeira onde cabem Selena Gomez, Bill Murray ou Adam Driver. Sátira ao género e também à América de Trump, não deixa de ser bem divertido.
Boa surpresa é O Corvo Branco, a história da dissidência de Rudolf Nureyev por Ralph Fiennes. Há sempre um certo olhar ocidental sobre a repressão soviética mas a arte do bailarino russo é celebrada com encanto genuíno.
Algo irregular mas com um poder de sedução notório é Pássaros de Verão, de Cristina Gallego e Ciro Guerra, obra que vem da Colômbia e impressiona por ser um épico pouco operático sobre a ascensão do império do tráfico de cocaína nesse país.
A desilusão do cardápio semanal é Terra, de Hiroatsu Susuki e Rossana Torres, documentário vencedor da competição nacional do DocLisboa. Um filme de 60 minutos que resultaria melhor no formato de curta. Esta investigação sobre um Alentejo que ainda aposta na produção artesanal de carvão é sobretudo académica na sua relação com a crença etnográfica.
Por ver, estão ainda As Vigaristas, de Chris Addison, remake de Ladrões e Cavalheiros; A Vigilante, de Sarah Daggar-Nickson, thriller sobre violência doméstica e o documentário Pavarotti, de Ron Howard, obra que propõe deixar um legado sobre o humanismo do tenor.
Fora das salas, no streaming da Netflix há Democracia em Vertigem, de Petra Costa, relato na primeira pessoa da falência da democracia do Brasil. Um documentário com uma câmara corajosa e um relato de uma conspiração com contornos de trama shakespereana. Os canais TVCINE também propõem um inédito assombroso, Jimi- All is By My Side, biopic de Jimi Hendrix por John Ridley, argumentista de 12 Anos Escravo, e com uma interpretação genial de Andre Benjamin. Um filme que não precisa da música de Hendrix para nos fornecer a partilha da sua centelha. Desde 2013, altura em que o vi no TIFF, que ansiava a chegada desta problemática produção (certos filmes independentes costumam ter este flagelo do limbo da distribuição…).