Mais de 520 mil portugueses viram Joker, de Todd Philips. Há então um fenómeno mundial em torno do filme e os portugueses não terão querido ficar de fora. Mas quais serão as razões para tal sucesso? Podemos pensar em vários fatores: a febre em torno de filmes de super-heróis e o consenso da crítica. Mas aí não há certezas, sobretudo se pensarmos que este filme não é da família dos “blockbusters” da DC e da Marvel, mas sim cinema de qualidade e sem recursos a efeitos visuais. Crítica? São muitos os que ainda acreditam que muitas estrelinhas nos jornais não atraem o grande público.
A grande verdade é que a Warner teve aqui um caso que atravessa diversos públicos: vai do “mainstream” puro ao espetador mais cinéfilo, não tendo sido por acaso que foi aposta de cinemas de arte & ensaio como o Nimas, o Trindade ou o Ideal…
Outra das verdades é que o filme é tão bom que originou um outro fenómeno: o boca-a-boca nas redes sociais como nunca se viu, especialmente em torno dos elogios à incandescente interpretação de Joaquin Phoenix. O FOMO (Fear of Missing Out) foi fundamental em toda esta gestão de promoção de uma obra. Verdade seja dita, a Warner em Portugal foi feliz na estratégia de promoção, tendo sabido rentabilizar eventos como a Comic Con, tendo também tido ao seu dispor um trailer cinco estrelas e material de arte promocional absolutamente inovador e chamativo.
Moral da história, para um filme esgotar sessões e tornar-se assunto de conversa de cultura pop o mais importante é ser um grande espetáculo de cinema. Estamos todos fartos de filmes rotineiros para picar o ponto e chamar grupos de adolescentes às salas do shopping. Os êxitos de Variações e A Herdade já eram sinais que a malta que gosta de cinema a sério ainda é capaz de acreditar numa ida à salas…
PS: não souberam por mim, mas nem o novo Exterminador Implacável nem o reboot de Charlie’s Angels vão ter números parecidos. Joker, até aos Óscares, ainda vai render muitos milhares à NOS Audiovisuais…