Este fim-de-semana a ordem é encher Penafiel!
Cinema e futebol. Combinação perfeita? Incompatível? Não faz sentido? O melhor dos dois mundos? São perguntas a mais quando o questionamento deveria ser: estamos lá quando? E este festival de bola e cinema começa já este sábado com o pontapé de saída em Penafiel, às 15h, no Cinemax. Dura até domingo e na formação principal estão filmes que incluem o imaginário do futebol, conversas onde as duas paixões se cruzam e os jogos das finais da Liga das Nações em grande ecrã e em clima de claque.
Para um fanático de futebol como eu, um festival como este é uma espécie de sonho molhado. Muitas vezes, o tempo não se dobra e tive de escolher entre visionar uma obra de arte cinematográfica e ir ao estádio. Dilemas que aqui se simplificam: o cinema não é um empecilho da arte do relvado nem vice-versa.
Porque o cinema é vida o futebol teria de fazer parte do seu imaginário. No meu caso, já dura desde os anos 80 – o clique dessa simbiose aconteceu no saudoso cinema Berna onde vi Fuga para Vitória, aquele filme de John Huston que levava o Stallone à baliza. Era menino e nada traquina. Cresci e continuei a acreditar nessa ordem da perfeição, sobretudo com Zidane- Um Retrato do Século XXI, de Douglas Gordon e Philipe Parreno. Há coisa de um ano, descobri no Porto este festival em pleno centro da Invicta: tinha gente boa, espírito de tertúlia e a descoberta de curtas e longas que tratavam o futebol por tu. Foi só menos simpático ter visto nesse ecrã o Uruguai a despachar Portugal do Mundial.
Acreditar que um evento como este restabelece a ordem do mundo e do cosmos é acreditar na serenidade do universo. Eu acredito tudo neste festival e, por isso, este ano o Cinetendinha é media partner da aventura. Vou subir a Penafiel a acreditar no fanatismo bom do adepto ferrenho, mas também vou tentar olhar para o poder dos filmes com “fair-play”.
Nesse fim-de-semana, é bem possível que veja o Bruno Lage a trocar elogios com o Sérgio Conceição no Cinemax – impossível não amarem o espetáculo das emoções do cinema. E sonho também em ver o presidente António Salvador a ver Kaiser, filme que importa dissecar a seguir. A minha utopia acredita ainda que Lisandro Lopez volta a Portugal e traz o Acuña para apanharem a estreia da curta Última Final: River- Boca. Cinema e futebol é sinónimo de utopia brava. O Cine Futebol Clube não tem foras de jogo e os golos cinéfilos nem precisam de VAR. Está na hora. Sábado e domingo…