Não abranda o ritmo de estreias. O cinéfilo mais aguerrido arrisca-se a ficar sem vida pessoal e com a carteira mais leve.

A semana é marcada pelo fim da trilogia de super-heróis de M. Night Shyamalan com Glass, que desta vez confronta Mister Glass, The Beast e o vigilante de Bruce Willis. Uma parábola para repensarmos o cinema de super-heróis nos dias de hoje. Diria que Glass é um exercício de medo com subversão assustadora.

Mas nem tudo é de ouro. Tiro e Queda, produção de Leonel Vieira, não resgata a comédia pimba. A história de dois mitras lusitanos poderia ser uma reflexão sobre o Portugal idiota e ignorante mas é apenas mau cinema sem poder de fogo de gargalhada.

Maria, Rainha dos Escoceses, de Josie Rourke, tem Saoirse Ronan e Margot Robbie mas agora percebe-se porque não está nos possíveis nomeados aos Óscares. Aliás, é como aqueles livros bestsellers de histórias monárquicas com receita de literatura light. E a história da rivalidade entre Maria Stuart e Isabel I deveria ser tudo menos light.

O cinema português também ataca numa co-produção com Cabo Verde. Chama-se Dois Irmãos e foi lançado sem campanha nem visionamento de imprensa. Será que Francisco Manso quer que a sociedade portuguesa nem perceba que foi filmar para Cabo Verde?

O Culpado, de Gustav Moller, apresenta uma ideia de thriller nórdico. Passa-se todo no mesmo décor e conta-nos a odisseia de um polícia com problemas de consciência que no 112 tenta salvar uma vítima de rapto. O Culpado parece exibir com bandeira vaidosa o seu conceito. Prometia muito, é pena…

Selvagens, de Dennis Berry, produção de Paulo Branco, é marcado por uma Catarina Wallenstein, incapaz de salvar um filme feio e demodé. Apregoa ser um ensaio sobre liberdade feminina mas é apenas um desfile de lugares comuns…

A estreia da semana talvez seja Nunca Deixes de Olhar, três horas de cinema alemão da responsabilidade de Florian Henckell Von Donnersmarck, o cineasta de A Vida dos Outros. Prometo dar notícias do filme muito em breve.