Wilson Ladeiro e Fernando Ladeiro, os feitores do Olá Paris!
Olá Paris!- Novo festival português em França!
De 29 a 2 de dezembro o Clube d’Etóile, perto do Arco do Triunfo, recebeu a primeira edição do Olá Paris!, uma mostra de cinema português, uma espécie de Festa do Cinema português em Paris. Vieram atores e cineastas de um programa coerente que visa mostrar aos cinéfilos de Paris a vitalidade do nosso cinema. Mas o Olá Paris! funciona também como forma de reunir a comunidade portuguesa na capital francesa.
Desta primeira edição destaca-se o foco ao 25 de Abril com a passagem de Capitães de Abril, de Maria de Medeiros, a madrinha do festival, a antestreia de Banzo, de Margarida Cardoso, da passagem de Alma Viva, de Cristèle Alves Meira, Great Yarmouth- Provisional Figures, de Marco Martins, com debate com a presença de Beatriz Batarda e Restos do Vento, de Tiago Guedes, que trouxe a Paris os atores Isabel Abreu e Albano Jerónimo.
Foram dias em que nos debates em francês e em português chegou-se a uma plataforma de diálogo que aponta caminhos. Pelo festival passaram ainda nomes entre Portugal e França como o cineasta Ruben Alves e os atores Kevin Dias e Jacqueline Corado.
A organização esteve a cargo de Wilson e Fernando Ladeiro. No final, estiveram à conversa com o Cinetendinha
Que balanço deste arranque?
Wilson Ladeiro- O público chegou – tivemos salas cheias e os encontros com os artistas foram muito interessantes. Creio que os debates foram muito diversificados com um público cheio de perguntas. Senti que os artistas estavam contentes.
Fernando Ladeiro– Queríamos oferecer também uma dimensão humana. O público e os artistas apreciaram isso – as pessoas podiam encontrar-se com facilidade. Por exemplo, os realizadores e os atores confessavam que em Lisboa é difícil terem entre eles este contacto. Nestes três dias tiveram tempo para falar, trocar ideias. A missão do Olá Paris é igualmente oferecer essa possibilidade.
Impressionante foi perceber que as pessoas ficavam todas na sala a seguir ao filme para assistir ao debate…
FL- Isso será uma dimensão importante deste festival. O Olá Paris é um lugar de encontro entre os artistas e os espectadores. As pessoas ficam e fazem mesmo perguntas. Até os artistas ficaram surpreendidos por isso. Essa era uma maneira para perceber como o público recebeu os filmes. E as perguntas eram muito interessantes. Muitas vezes um cineasta faz um filme com uma ideia específica de mensagem mas as pessoas encontram outros significados…
Porque é que Paris não tinha este foco sob o cinema português? Parece mentira nunca ninguém ter apostado numa mostra como esta…
WL- Nunca ninguém tinha pensado nisto antes!
FL– Fazia mesmo falta…
WL- Às vezes, as coisas mais simples parecem difíceis de criar.
FL– Quando começámos o projeto até pensámos que tinha havido um ciclo ou algo assim, mas, afinal, não! É incrível!
WL– Aqui há festivais de filmes mexicanos, chineses, de tudo, mas portugueses não havia. E há aqui um interesse do público e da imprensa no cinema português…
FL- Tivemos uma bela cobertura da imprensa francesa, mesmo apesar de na mesma semana ter havido um foco a Miguel Gomes a propósito da estreia de Grand Tour.