Carla Quelhas, agente da Elite, é figura frequente nos festivais internacionais. É ela quem está ppr detrás da exposição global de Alba Baptista e Victória Guerra no mercado global. Conversa com quem está sempre num plano de invisibilidade…

Como se chega ao patamar a nível de agência para se conseguir alavancar internacionalmente atrizes como a Alba Baptista e a Victória Guerra?
De imediato:  Só podes exportar valor se o actor tiver valor em Portugal . Temos que conseguir angariar os melhores filmes e séries que se fazem cá e ao contrário de muitos zum-zuns, o cinema português, pela sua qualidade artística, sempre atravessou fronteiras e quanto mais longe forem mais  longe levam os meus. Esta fórmula permitiu ter a  Sandra Faleiro , Joao Vicente e a Victoria Guerra no último festival de veneza.  Tive o Gonçalo Waddington e a Alba em San Sebastián. Em Cannes, em 2018, tive a Joana ribeiro, a Cleo tavares , o Carloto cotta , a Anabela Moreira e o Filipe Vargas.  Para mim,  isto são prémios de muitos anos de trabalho investido.  Este ano, na elite,  conseguimos  repetir o feito de ter uma Shooting Star no festival de Berlim.  E desde que existe o processo de seleção que contempla apenas 10 talentos europeus, só a Joana Ribeiro e a Victoria  foram admitidas e são nossas. Esta enumeração resulta de um grande investimento no cinema, de termos muito talento a falar várias línguas e de uma globalização da cultura.

 E de que maneira consegues gerir toda esta azáfama em relação ao estrelato da Alba?

A alba é uma estrela  !  Tenho que admitir que respondo a esta pergunta no dia em que ela lidera o  top de popularidade do IMDB.De momento o que me preocupa  é gerir a agenda dos próximos…  10 anos da Alba (risos). E conseguir  com calma e  perseverança fazer as melhores escolhas artísticas para uma actriz com tanto futuro .Repito: ela é mesmo uma estrela e sei que ainda tem tanto talento para mostrar.

Qual a estratégia agora para continuar essa internacionalização?

Por  defeito académico de uma licenciatura em cinema, cultivo um gosto pessoal pela sétima arte , creio que as escolhas artísticas são as mais importantes para a internacionalização e sobretudo para os manteres nesse mercado cheio de estrelas. É esse o maior desafio, manter . Mas, sim, há sempre a lista/ estratégia para chegar  e há uma lista/estratégia para manter, mas são confidenciais. É a alma do negócio.Mas é certo que continuarei a fazer equipa com os meus actores no sentido de criar mais valor e qualidade artística .

Tens sentido pressão de outros atores portugueses para serem agenciados pela Elite?

Não foi a internacionalização que trouxe esse interesse , são as várias carreiras que construí nos últimos 10 anos (a Elite existe desde 2006 mas só trabalho lá desde 2010) . A maior parte das pessoas nem sabe que tenho este ar de miúda e cabelo da  Agnès Varda . Sou muito invisível pessoalmente . Mas o interesse pela Elite é porque da Alba, a primeira pessoa que aparece no site, à última, que é a Victoria, todas crescem em percursos diferentes e tornam-se referências no mercado.