Depois do meu toca-e-foge no Festival de Berlim fiquei ainda mais fã de A Metamorfose dos Pássaros, de Catarina Vasconcelos. Dos méritos do filme já aqui falei, mas ser o filme que apresentou o mais belos dos press-kits já é um vitória. A produtora Primeira Idade produziu um envelope com um design sumptuoso que inclui as notas de produção. Uma carta que é um brilhante golpe de marketing capaz de provocar encanto em  toda a imprensa nos corredores de Berlim.

Da Berlinale guardo também a notícia que o mercado está a apostar em filmes realizados por mulheres. Depois da seca de 2019, este ano e o próximo não vão ter escassez de filmes dirigidos por  mulheres. Maggie Gyllenhaal tem luz verde para se estrear na realização, Claire Denis terá orçamento grande para novo encontro com estrelas como Robert Pattinson ou Margaret Qualley, enquanto Olivia Wilde conta em Perfect  a história de uma ginasta americana que chega aos Jogos Olímpicos de 96 com uma lesão. São projetos que poderão estar num festival de Lista A, sobretudo porque a bem do politicamente correcto qual é o festival que não quer cinema no feminino?

http://https://www.youtube.com/watch?v=5RR8WTQzwSk

E já que falo de cineastas do sexo feminino, o que dizer da estreia em VOD de Honey Boy, de Alma Ha’rel? Portugal não teve então direito a este filme que chegou a ser falado para a temporada dos prémios. Honey Boy é a história da infância e juventude de Shia LeBoeuf, ator que aqui interpreta o papel do seu pai. Um filme realizado com uma fúria poética que não vai em rimas. Faz confusão como esta enxurrada de mau cinema e de filmes que nem nos EUA têm nomeada  não haja espaço para isto. Claro que o cinema de qualidade tem apresentado resultados bem tristes, mas há uma coisa que convém respeitar: o bom-senso do consumidor de cinema…