Caro Maestro,

Primeiro de tudo, em pleno Alfa Triplex, fizeste-me ir até às Américas do Sul para me colocar de bicos de pés com anjos à minha beira. Foi quando vi A Missão, do Rolland Jofé, cineasta que depois desaprendeu tudo. Antes ou depois, não sei e não faz mal, rebobinei cassetes VHS e vi os teus “western spaghettis”. Deste ao Leone tudo e mais alguma coisa.

Ali no Berna, numa matiné que terminou à noite, vi sem fechar a pestana o Era uma Vez na América, onde o teu som fez-me imaginar voar bem algo com ópio. E fez-me também ter borboletas no estômago pela Jenniffer Connelly. Anos mais tarde, em Veneza, no hotel Excelcior, entrevistava o Amos Gitai e o Herzog e pensei em ti. Tudo devido à música do mesmo filme que servia a refeição da Elizabeth McGovern com o Robert De Niro. A tua música ficava bem em hotéis impetuosos de cinco estrelas…

Não há muito tempo, numa sala dos Campos Elísios, em Paris, fui à procura do brilho da película no Os Oito Odiados, do Tarantino, e apanhei com a violência lírica das tuas notas. Percebi que eras o maior, mais uma vez.

Antes, muito antes, o CD do tal “filme menor” Cinema Paraíso tocava em “repeat” numa mansão T1 que tive em Benfica. O filme viu-o no Londres e o cliché de chorar na cena dos beijos cortados presenciei-o a fungar. Claro está que vi as madames da Avenida de Roma com o coração nas mãos com o fulgor épico daquela tua melodia.

Com a Dulce Pontes, em Londres há tanto, há tanto tempo falaste comigo com carinho. Gostava de reler o que disseste, mas nem preciso.

Obrigadão mestre maestro. O Paul Thomas Anderson um dia deveria ter trocado o Jon Brion por ti. Nem que fosse num dia só…